sábado, 2 de julho de 2011

Notívago

Notívago
Devora a luz que ninguém vê
Contrarquiteto do mundo
Desgasta os vértices da manhã

Notívago
Tem celas em suas pálpebras
Crê não ser o único
Mas tanto faz.

Vendaval a destelhar o sono
Leva os cílios que dizem "não"

Vendaval a invadir os outros
Feito areia nos olhos
A salgar os sonhos
Brisa quente que afoga o peito
(porque a exclamação é ponte suspensa
que não deixa o desespero passar)!

Encontra a beleza e não espalha
Ou o crepúsculo te faz refém
Ou os demais virão
Por esquecer
Que o cansaço se faz menos das horas
Que dos outros

Notívago
O vértice em que se apoia
Talvez a noite
É solar e radiante
Solidão.


RF
23/08/2009
23h29