E na curva dos dias,
Entre o veludo dos silêncios,
No fôlego e no sal das águas
Que ao respirar abrem sulcos na rotina,
Entre as mãos firmes,
Onde se equilibra o tato do que não se toca,
No vão do breve adeus,
Nas catedrais do corpo, onde (m)ora o êxtase,
Na engenharia sutil dos gritos da vida,
Nas leituras em segredo da alma em voz alta,
De dentro do agridoce do medo
Que deu à luz a escolha da coragem,
Fez-se o espanto, eterno de novo rebento,
Espesso, suave,
Seiva perturbadora dos dias sinuosos
E das sílabas retilíneas e mudas
Que agora traçam pontes entre os olhos
Na paciente colheita dos verbos.
Esta graça perplexa
Em comunhão e à espera
Dos corredores, camas e manhãs
Sobre que nos debruçaremos
Para alcançar
E continuar
No outro.
RF
11/10/2013
01h30 AM