Não há lógica densa que me convença de haver pecado por te desejar
Tampouco tribunais, ou guilhotinas da moral:
És íntimo que não me pesa.
Aquilo de que me privo na distância mas a que me autorizo na proximidade
Talvez jamais conheças
(mas talvez suspeite).
Deixo-o correr solto no anonimato, não me perdôo nunca, pois nunca hei de perdoar o que é meu.
Conjugo a liberdade para ser e a necessidade de se reservar.
Há algo que em mim consentiu e não é cúmplice,
Que tu, eu e os demais não entendemos.
Oscila, raciocina, fraqueja,
É bípede e articulado, defende-se, argumenta, permite-se,
Imobilizou a culpa e a devorou de uma vez,
Com ossos estalando confirmação.
E isso não se julga, não se enxerga,
É e o é de forma insuperável, e nenhum de nós pode-quer-irá delatar.
Pois não há eu autônomo,
tu convicto,
eles em maioria,
maiorias corretas
que me convençam de haver pecado por te desejar.
(Entre janeiro e março de 2007)