sábado, 19 de março de 2011

A Paz Comum

Dor de cabeça
Desconforto
Desassossego
Desapego
Medo
Não importa,os motivos são muitos e a vida, uma só.
Por isso, desencrava esta culpa que está tudo bem.
Não há mal nenhum em não fazer o que ninguém

Faz

Anos,
Meses,
Horas,
Faltam muitas,
Faltam obras,
Fazem falta,
Mas você tem a sua própria enxaqueca para criar.

E a luxúria,
E o sossego,
E a anemia de uma vida segura
Vaselinada por palavras perigosas,
Porque o atrito é ficto
E o gozo também.
Não há mal nenhum em ser só homem de bem.

Veste o corpo, capacete,
Leva a espada e o colete,
Faz de conta e depois desmarca,
Mais vale o festim que a rajada.
Pega o ônibus, se esconde na frente,
Que a vida não lhe raspa (mas passa rente).
Sua sorte é ela se confundir no meio de tanta gente

Igual

A ontem, lê seus versos, se envaidece,
Se masturba, reza e adormece
E não se esquece, nem por segundo,
De quão aconchegante é o travesseiro chamado "Todo Mundo".

06/11/08
0h41

sexta-feira, 4 de março de 2011

Um poema? Uma letra? "O descobrimento do Estranho"

Aportaram contra as praias
Atearam fogo às pedras
Entoaram uma tocaia
Silenciosos sob a relva
Assentaram suas fúrias
Saciaram seus percalços
Vomitaram sua gana
Exibiram seus mercados
Desnudaram-se nas minas
Afogaram seus pecados
Importaram suas Igrejas
Lambuzaram seus projéteis
Lecionaram sobre a selva
Desmataram uma mágoa
Desbravaram uma mata
E fundaram um país
Em mim.

(por volta de 19/12/2005)