Espero teus cílios mentirem sobre a madrugada,
condensando no brilho insone
o riso das crianças eternas.
Espero teus cílios desvelarem as alvoradas,
borbotões mudos de plenitude e unidade,
canais dos anseios desatados
em desaguar de crepúsculo.
Espero teus cílios, senhores das belas ou duras brevidades,
nas melodias presentes e etéreas
onde habitam tua forma primeira
e minha paisagem perpétua.
Espero teus cílios na sede das pálpebras,
abraço os ritos da divisão
e o teu sorriso me priva
da angústia do finito.
Paira suspenso o saber
de que em nós há um ventre azul
e também
um terço de poros e pranto.
Espero teus cílios,
Aberto.
RF
16/05/2014
sexta-feira, 16 de maio de 2014
quinta-feira, 8 de maio de 2014
Um Pequeno Poema
Deus fez um pequeno poema quando a gente se conheceu.
Não o mediu em estrofes, mas em metros:
Tantos quantos houvesse
Em uma volta e meia
E uma meia-volta
(Ou assim me pareceu).
Não se ocupou de rigor formal:
quais e quantas sílabas
caberiam nos olhares, afinal?
Quantas regras não havia
ao lhe ver primeiro as costas?
Por onde a métrica corria
entre nossas vontades opostas?
Até hoje, Lhe agradeço
o desapego aos fios narrativos:
meus pés pediam a casa;
seu repouso era um trajeto interrompido
(Só hoje vejo
o humor tecido à ironia
de ter sido semeado o desejo
onde ninguém fez o que queria).
Na fartura de elementos fantásticos,
o escuro dos seus olhos esverdeou o dourado da tarde,
o tímido se vestiu de ávido,
o acaso virou ao avesso, seu engenho desnudo.
E de tudo fez-se um todo cadenciado,
improvável e melodioso,
na releitura prazeroso
e por ela renovado.
Outras coisas queria lhe falar noutros poemas,
porém este me escolheu -
tal qual escolhidos fomos para tema
de um pequeno poema de Deus.
Não o mediu em estrofes, mas em metros:
Tantos quantos houvesse
Em uma volta e meia
E uma meia-volta
(Ou assim me pareceu).
Não se ocupou de rigor formal:
quais e quantas sílabas
caberiam nos olhares, afinal?
Quantas regras não havia
ao lhe ver primeiro as costas?
Por onde a métrica corria
entre nossas vontades opostas?
Até hoje, Lhe agradeço
o desapego aos fios narrativos:
meus pés pediam a casa;
seu repouso era um trajeto interrompido
(Só hoje vejo
o humor tecido à ironia
de ter sido semeado o desejo
onde ninguém fez o que queria).
Na fartura de elementos fantásticos,
o escuro dos seus olhos esverdeou o dourado da tarde,
o tímido se vestiu de ávido,
o acaso virou ao avesso, seu engenho desnudo.
E de tudo fez-se um todo cadenciado,
improvável e melodioso,
na releitura prazeroso
e por ela renovado.
Outras coisas queria lhe falar noutros poemas,
porém este me escolheu -
tal qual escolhidos fomos para tema
de um pequeno poema de Deus.
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